
Passam duas jovens pela manhã
Desaparecendo meus olhos adentro, sorrindo
Com a excessiva seiva dos vinte anos, meus olhos
Adentro, ali em frente à igreja de Nossa Senhora
(sorrindo com aquela seiva provocatória) de Lurdes
Na António José de Almeida (meus olhos adentro)
Com a seiva hiperbólica das rosas frescas.
Velava a velha professora a essa hora
O esposo, já não velho, morto (qualquer coisa
Carvalho) e as duas jovens ignorando a morte
Sorriam meus olhos adentro com aquela seiva.
Eu era o homem no carro esperando a minha mãe
(Coitada da senhora, disse, está um farrapo), fora
Da capela, entre a tristeza católica e a manhã silvestre
Cruzando a rua meus olhos adentro.
Ribeira de Pena, já 27 de Março de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Este poema é a versão actualizada de um texto escrito originalmente no dia 31 de Janeiro de 1996.]
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