Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Luz depois do túnel (Feliz Ano Novo)


Quis inscrever um pedacinho de mim ainda nos limites convencionais do ano civil de 2018. É por isso que passei pelo meu bloguinho há muito em pousio. É, digamos, um texto escrito por um triz. Não deixei de escrever durante este silêncio, asseguro-vos. Ando à bulha com um romance desde 2015, pelo menos (escrevo, rasgo, planifico, acrescento, recomeço, guardo-o numa pastinha chamada "Casal Ferrão", sonho com ele, adio-o); escrevi, há alguns meses, um inteiro volume em modo poesia, de que gosto muito-muito, e que espero publicar em 2019; escrevi uma novela - era para ser um conto - que é um exemplar monumento da minha forma de fazer narrativa e que gostaria imenso de ver, já no próximo ano, também publicado em forma de livro; rabisquei crónicas, poemas (sobetudo quadras) por caderninhos-diários, aí onde actas, trabalhos de casa dos alunos e listas de compras coexistem com o lirismo voador dos meus dias coimbrinhas e transmontanos.
A imagem que ilustra este post é uma foto da entrada (ou saída) de um túnel madeirense, especificamente o que liga Machico ao Caniçal. Tenho muita felicidade associada àquela geografia, e lágrimas também. Mas fui à imagem escavar só quanto nela há de potencial simbólico para o dia finitudinal de hoje. Todos conhecemos o clichê da luz ao fundo do túnel, metáfora para a recompensa a haver e para a concomitante esperança no que vem sempre a seguir ao sacrifício, ao sofrimento, à escuridão.
É na contemporaneidade cúmplice desta travessia que vos convido a brindar ao tempo que passou e ao que (nos) falta. Isto dos anos é, bem sabemos, uma convenção muito artificial e limitada acerca do Tempo. Mas, vá lá, ajuda-nos a arrumar a vidinha, a reflectir sobre o essencial e o acessório de cada pedaço da existência. Por mim, não desejo outra luz, neste fim de túnel de 2018, que não seja a de todos estarmos vivos em Dezembro de 2019. 
Os meus votos são, portanto, Saúde & Alegria. Mais nada, porque isso é tudo.

Coimbra, 31 de Dezembro de 2018.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http:www.agoramadeira.pt..]