Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Fósforo & lixa



Como a fricção de um fósforo fino
Sobre a minha pele envelhecida
A Beleza incendeia-me o destino
E de novo aquece fria vida.

Ribeira de Pena, 19 de Maio de 2015.
Joaquim Jorge CArvalho
[A imagem (foto com a intemporal Ava Gardner) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.pinterest.com.]

Autopsicografia revista


À boleia de "O poeta é um fingidor"...

Eu ponho a vida em cena
Ao escrever, e nunca minto.
Só minto se vale a pena
Para dizer o que sinto.

Ribeira de Pena, 20 de Maio de 201.
Joaquim Jorge Carvalho

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Casa, varanda e rua (ecoando Jorge de Sena)



A minha rua é sobretudo cimento
Já não tem árvores e quase não há
Pássaros.
As poucas flores que ali encontro
São baças e curvadas, morrendo
Tristemente
Sobre o alcatrão rodoviário
Como se tivessem medo de crescer.
Eu costumo ir para a varanda
E imaginar que a estrada em frente é
Uma floresta encantada
Com feiticeiras secretas
E que os carros são, passando, barquinhos
Bordejando a praia alegre e fresca
(Uma praia como a que outrora houve
Quando o pai era ainda vivo
E a mãe cantava as canções da rádio
Durante a lida do ledo lar).
À noite finjo confundir o barulho
Dos comboios e do vento
Com marés imaginárias de oceanos mil.
É quase sempre de madrugada
Que nada é tudo
E tudo é nada.


Ribeira de Pena, 12 de Maio de 2015.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.pt.dreamstime.com.]

Primavera das flores



Tanto tempo, ainda agora
No tempo do coração.
Chora, coração, chora
Que o tempo não volta, não!

Ribeira de Pena, 10 de maio de 2015.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.rugidoaoamanhecer.blogspot.com. O título deste texto replica um verso de uma canção que aprendi na Madeira, com a Família do Mestre João. Rezava assim: "Primavera das flores / Como ela não há mais / Ai, Primavera, vai e volta sempre / Ai, mocidade, já não volta mais!" Texto, convenhamos, violentamente rigoroso. A quadra aconteceu-me como um fado de Coimbra.]