Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

domingo, 28 de março de 2010

País de Cartoon


Era para escrever uma crónica sobre os sacrifícios a que os governos de todas as cores habitualmente condenam a chamada classe média.
Um cartoonista do “Correio da Manhã” antecipou-se e eu, que tantas vezes acho que uma palavra vale mil imagens, rendo-me ao desenho e calo-me.
Aliás, não bem assim: ainda me falta desabafar uma novidade que soube hoje, em vários diários do país. É sobre aquele senhor licenciado chamado Armando Vara, que começou no PS como voluntário e chegou a administrador da Caixa e do BCP. Parece que ganha por ano qualquer coisa como 520 mil euros. Ah, valente!
Sobre gestores públicos e prémios já falei, há dias. Mantenho a azia, poupo-vos à repetição do meu desencanto democrático.
Mas deve haver homens no partido da rosa que coram por dentro, decerto incomodados com o que vamos lendo-sabendo, não é? Eu, pelo menos, incomodar-me-ia (se ainda lá estivesse).


Ribeira de Pena, já 28 de Março de 2010
Joaquim Jorge Carvalho
[O cartoon-supra é da autoria de António Maia e foi colhido - com a devida vénia - no CM (suplemento “Primeiro Emprego”, página 2), edição de 26-03-2010.]

4 comentários:

Rosa Miranda disse...

Numa imensa mágoa,ainda tenho a certeza que há gente que nunca cora nem tem uma, quase insuportável, azia.
Saliento (quase citando-te...) a falta de comparência dos que ainda são capazes de corar e de incomodar (-se).
Afirmo o meu reconhecimento pela nobre missão do serviço público e acredito na Pessoa Humana que, como tu, estarão no sítio certo para "mudar o Mundo".

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Eu creio, Amiga, que estamos cumplicemente num país outro. Um país mais digno que este do pontual desencanto cartoonável. E julgo também que temos uma cúmplice esperança humanista (ingénua que seja) no futuro. Por agora, se me perguntarem se as coisas melhorarão, amanhã, eu tendo a fugir para o aconchego de um advérbio dúplice: talvez.
Beijinho.
JJC

Paulo Pinto disse...

Os partidos (e os movimentos políticos em geral, certamente) perderam qualquer capacidade de mudar a ordem das coisas, mesmo que o queiram. Até quando uma figura especialmente inspiradora, como Obama, por exemplo, surge a dar um safanão na mediania e no conformismo, o sistema económico e financeiro impõe as suas regras e cerceia os ímpetos transformadores. São os grandes interesses económicos e financeiros que de facto governam o mundo. O que era um slogan comunista destinado a manipular as massas tornou-se misteriosamente verdadeiro e actual. As voltas que o mundo dá...

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Concordo inteiramente.
Acrescento: os governos parecem conselhos executivos às ordens da Economia e Finança internacionais.
Eu não sei adivinhar o futuro. Mas os caminhos da democracia, fundados num idealismo generoso, conduziram-nos para este beco aparentemente sem saída que radica em tudo menos em ideais. Não antevejo um mundo bom para os nossos filhos...