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Número de Ondas

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ganância Publicada


Muito contrariadamente, os altos quadros das empresas públicas viram-se obrigados a divulgar ao Zé-Povinho os seus rendimentos.
Leio, sobre os salários dos administradores da PT em 2009, que a empresa gastou cerca de dez milhões de euros para (apenas) doze beneficiários.
Leio, depois, que há também “prémios” (?), e que estes ascendem, por exemplo, no caso do famoso ex-jota, Rui Pedro Soares, a um milhão de euros.
Leio e pasmo.
Que país é este, dito “em crise”, que tão generoso é com alguns e tão sovina é com tantos outros?
A questão dos “prémios” é tão obscena que, num país decente, deveria obrigar a uma medida radical e imediata – suprimi-los.
Mas o que me repugna até ao vómito é, antes ainda, a dimensão principesca dos salários de gestores, administradores e governadores da coisa pública. Diz, sem vergonha, esta espécie de eleitos que, se comparados com os salários europeus, os vencimentos dos altos dirigentes portugueses são – ainda - pobrezinhos. (Como se essa “verdade” não valesse para qualquer outra profissão…)
Pergunto: já alguém pensou na mera possibilidade de se estabelecerem limites máximos para o vencimento mensal destes obesos mórbidos da República?
Se, por exemplo, o senhor José Penedos da pública REN, em vez de cerca de trinta mil euros mensais, não ganhasse mais do que – digamos – dez mil euros, quantos salários dignos se poderiam atribuir, com o remanescente, a jovens licenciados (salários de – digamos - mil e quinhentos euros por mês)?
E se, em vez de se gastar um milhão de euros para “premiar” o jovem administrador (ou, dito de outro modo, o administrador jota) Rui Pedro Soares, a PT criasse uns cinquenta postos de trabalho para jovens licenciados (que vencessem algo como mil ou mil e quinhentos euros por mês)? Fiz as contas: o dinheiro, bem distribuído, chegava.
Etc.
Já agora: não será tempo de, na administração pública, se estabelecerem - sem margem para dúvidas e sem escapatórias habilidosas - limites máximos aos salários, algo como – digamos – dez mil ou doze mil e quinhentos euros? (Continua a ser muito dinheiro. Mas vou até “aí” por piedade, considerando que os lordes habituais poderiam estranhar diminuição ainda mais radical…)
Hão-de os pançudos do regime chamar, a estas ideias, comunismo. Seja. Se isto é comunismo, serei – nisto – comunista.
O 25 de Abril foi há 36 anos já e eu não sei se as revoluções têm prazo de validade.
O que sei é que o país não vai bem. E que as democracias dificilmente sobrevivem se não houver um mínimo de pudor.


Ribeira de Pena, já 17 de Março de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho

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