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Número de Ondas

sábado, 6 de março de 2010

Fora da Leya


Miguel Esteves Cardoso, na coluna que mantém no “Público” (“Ainda Ontem”), diz – a 4 de Março deste corrente 2010 – desejar “sinceramente que a Leya se foda”. Sic.
O vernáculo desabafo não surge do nada: é a foz lógica da sua revolta face à destruição, por aquele grupo livreiro, de milhares de (preciosas) obras literárias – de Jorge de Sena, de Eugénio de Andrade, de Eduardo Lourenço, de Vasco Graça Moura…
Os empresários, entretanto, já explicaram que se tratava de uma questão estritamente económico-financeira. “Business”, portanto, “as usual”. A lógica – chamemos-lhe assim – parece-me a mesma que, há uns anos, levou a União Europeia a decretar a destruição, pelo fogo, de toneladas de laranjas espanholas, de modo a evitar um excesso de oferta e os prejuízos económicos devenientes. À época, o Papa lembrou a fome em África e condenou este capitalismo selvagem que respeitáveis políticos, comerciantes, industriais e financeiros professam (sem vergonha nem remorso à vista).
Por mim, estou com Esteves Cardoso como estive, há anos, com o Papa: “Não podemos dar dinheiro a quem só pensa em dinheiro.”

Ribeira de Pena, 06 de Março de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[O recorte-supra foi colhido, com a devida vénia, na edição do “Público” de 04-03-2010.]

5 comentários:

Daniel Abrunheiro disse...

Aqui há umas dècadazitas, pelos infames anos 30 do século (tras)passados, uma rapaziada alemã de camisa castanha também queimou livros em Berlim e arredores. Genocídios à parte, a "moral" é a mesma e a história também. Mas isto dizemos nós, que não temos mais nada que fazer senão livros. Ou o caraças.

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Moral com aspas, exactamente. Isto é, sui generis.
Abraço.
JJC

Plural 7 disse...

Depois de ter sido notificado telefonicamente a seguir à atribuição do Prémio Leya 2008 de que tinha sido um dos oito finalistas, com o interesse na publicação do meu romance a concurso "O Quinto Império do Mundo". Depois de passar um ano e meio, sempre com promessas de que ia sair, com indicação e tudo da editora a "Oceanos"; depois de ver que nunca houve a frontalidade e a correcção de me ser apresentado um contrato escrito, desconfiei de toda esta gente.
Sou um principiante mas não dependo deste tipo de pessoas e de empresas para nada.
Afinal, pensando bem, se fizeram isto com estes autores, de que estava eu à espera?
Bem haja Miguel pela frontalidade, a esta hora há muita gente de bem a fazer coro consigo.

Carlos Maduro

Nelson disse...

Não tinha lido ainda o artigo do MEC, mas devo dizer que subscrevo a sua opinião.

Eu quero é que a Leya... deixe de ser lida.
Leia-se "que fique toda fod**a"
Abraço
Nelson

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Abraço, Nelson!
JJC