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Número de Ondas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

NOTÍCIAS DO MUNDO IMAGINÁRIO


Do Shake-hands ao Undergreeting

Com o objectivo de articular tradição e modernidade, o governo inglês tem vindo a renovar o (até agora) rígido protocolo a que gerações sucessivas de nobres e governantes se têm submetido. Numa primeira fase, segundo fonte autorizada de Downing Street, substituir-se-á o tradicional “shake-hands” pelo “undergreeting” – um toque rápido, feito com três dedos (indicador, médio e anelar), na zona genital da pessoa cumprimentada. Este cumprimento poderá ter nuances, naturalmente, como gentis apalpões em bustos femininos ou beliscões (de intensidade variável) no traseiro de conhecidos, amigos e familiares.
A inovação tem provocado alguma celeuma, mas a reacção da opinião púbica, aliás, pública, tem sido geralmente positiva. O maior problema parece residir nas longas sessões de cumprimentos que têm lugar, por imperativos oficiais, o que implica a troca de saudações com muita gente. Gordon Brown, por exemplo, após uma primeira experiência de “undergreeting”, na Câmara dos Comuns, ocorrida na semana passada, após a aprovação do orçamento para 2010, queixou-se do escroto, mas garantiu que só lhe doía muito quando urinava.
A ideia chegou já ao Parlamento Europeu e a comissão responsável pelo estudo prévio deste projecto tem vindo a receber sugestões variadas, a equacionar em futuro muito próximo. Há contudo vozes reticentes quanto a avanços excessivos, pelo que as propostas serão sempre objecto de cuidadosa triagem. “Há que dar tempo ao tempo”, defendeu Joseph du Bonnet, um deputado francês: “A evolução pode levar anos e nem tudo será tão pacífico como até aqui.” Por isso, saudações como a de joelhos, com leve manuseamento da parte cumprimentada (sugerida por Bill Clinton) ou a do popular pontapé no traseiro (sugerida por A. J. Jardim) estão de momento postas de parte.

Coimbra, 15 de Fevereiro de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Este texto já tem cerca de dois anos, mas nunca foi publicado. Sai agora, em quadra conveniente. A imagem-supra foi colhida (com a devida vénia) de um blogue português - http://www.duas_ou_tres.blogspot.com.]

Coimbra, Outubro, 2005.
JJC

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

Esse mundo imaginário até parece interessante... Imagino aqueles políticos que se cumprimentam para a fotografia durante longos segundos, sacudindo as mãos vigorosamente... Quem sabe o que poderia suceder? Mas esse mundo tão estimulante continuaria a ter o Alberto João??? Já não sei, então...

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Há um mundo de episódios virtuais dignos de imaginar, é verdade. A mim, deu-me para imaginar as felicitações aos noivos, após o "sim"; palpita-me que a noite de núpcias tenderia a ser adiada ou a devir potencialmente dolorosa. : )