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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A DEPRESSÃO DAS LARANJAS (10)


O Essencial

É preciso distinguir o essencial do acessório.
Dou-te a minha vida.
Dás-me a tua vida.
O resto, se houver resto, são os detalhes funcionários do relógio. Tudo, portanto, muito aquém da ideia preciosa do tempo e do significado que há na primeira pessoa do plural.
Dás-me a tua vida.
Dou-te a minha vida.
O resto, se houver resto, são parênteses, suspensões da frase vital, hiatos.
Oh, meu amor, não temas, não morras, não hesites, não saias deste livro, não desilumines o meu olhar, não desapareças da minha estrada.

Sabes: é preciso distinguir o essencial do acessório.

Ribeira de Pena, já 24 de Fevereiro de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Trata-se do 10.º texto do volume “A Depressão das Laranjas” (Ribeira de Pena, Ed. Casa de Santa Marinha, 1999). A pintura-supra (“Mulher de branco”) é de Claude Monet (1840-1926).]

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