Bússola do Muito Mar

Endereço para achamento

jjorgecarvalho@hotmail.com

Número de Ondas

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Lápis Filosofal


(Sobre um instante recolhido no Centro Comercial do costume)


Caminhas sobre a dor da tua própria lembrança
Dos dias d’ouro em que o mundo vinha à porta
Para te ver passar.
Sabes da beleza que eras e isso há-de doer
Agora,
No reverso das rosas à míngua d’ água
Nos passos pela galeria indiferente
Aos teus passos.

Antes imaginar que há de novo olhares
Flores por ti na transeunte saliva masculina.
Antes seres outra vez, fingindo,
Menina
Não é?

Mas vem.
O meu poema há-de ver-te como eras
(Como olhando por dentro 'inda te vês) -
Que há elixir nos versos, se deles bebermos
A quantidade certa.
Vê como o teu busto renasce
O teu rabo se ri de Newton
As pernas hipicamente me fascinam.

Vem, pois.
O comércio é justo e transparente:
Enterneces-me,
Eternizo-te.

Ribeira de Pena, 12 Fevereiro de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho

[O desenho-supra é de Stuart Carvalhais (1887-1961).]

Sem comentários: