sábado, 24 de abril de 2010
Aferição & Papa
Por decisão do governo, as provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática, destinadas aos alunos do 1.º e 2.º ciclos, foram antecipadas. Motivo: visita iminente de Sua Eminência, o Papa.
Não discuto, aqui, a questão de haver demasiada religião a motivar ou tutelar decisões de um Estado formalmente laico. Eu sei bem que o país profundo é consuetudinariamente religioso, sobretudo católico, e nem sequer acho que daí venha grande mal ao mundo. Chamai-me reaccionário, se quiserdes, mas acho que não se perde nada em respeitar alguns valores e hábitos antigos: quando não contendem com o respeito pela vida e pela dignidade humana; quando são profundos e estruturantes da própria ideia de povo; quando, enfim, beneficiam muito mais que prejudicam.
Mas o problema que aqui trago é de outra esfera. Tem a ver com alunos e professores, que deviam cumprir programas até certa data e que, sendo a dita data antecipada, terão de cumprir, ainda assim, os mesmos programas. Isto é, o tempo encurta, a exigência mantém-se. Um trabalho planificado para determinado período tem de ser concluído, afinal, duas ou três semanas antes.
Não me parece rigoroso. Não me parece justo.
Conclusão: já que o Papa, involuntariamente, prejudicou os alunos e os professores portugueses, ao menos que Deus, voluntariamente, os ajude!
Ribeira de Pena, já 24 de Abril de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem-supra foi colhida – com a devida vénia – no CM, edição de 21-04-2010.]
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1 comentário:
Deus ajudará, estou certo...
Já estamos habituados à intervenção «divina» neste tipo de provas. Mas, enfim, são apenas provas de aferição; a bitola vai ser a mesma para todos.
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