Hoje, mais à noite, joga o Sporting. Antecipo, por
isso, a corrida. Saio de casa às cinco, sob o sol ainda feroz deste Agosto que
vai chegando ao fim. Por cerca de uma hora, aguento o suor e, mais para o
final, a sede. Entre o açude e o Choupal, escutei o coro misterioso de mil
pássaros, em suas casas vegetais. Aqui e ali, entre as ervas e os arbustos do
caminho, há animais que, ouvindo os meus passos, mudam rapidamente de lugar.
Talvez ratos, ou lagartixas, cobras, cães, gatos. A sudação atrai a nuvem
habitual das moscas, dos mosquitos, das melgas. Somos uma multidão naquele
percurso corredor.
Canso-me? Sim, mas não me aborreço por estar
cansado. A minha fadiga, no Verão, é dolente e pacífica. E os meus passos,
mesmo lentos, parecem-me sempre seguros e certos.
Coimbra, 23 de Agosto de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.dm.dei.uc.pt.]
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