Percurso
de hoje: saio da rua de S. Miguel pelas sete da noite, passo o bairro do
Brinca, a Estação Velha, o açude, até chegar ao Estádio Universitário. Aí, faço
alguns alongamentos e, já cansado, regresso ao ponto de partida. Uma hora de
exercício, pelo menos.
Ocorreu-me,
correndo, a ideia de a esperança ser consubstancial ao verbo caminhar (e de
caminhar ser, nesta mesma esfera semântica, o infinitivo viver). Vejamos.
A
caminhada é também feita de pedras, que mordem os pés, e de rochedos difíceis
de escalar.
Às
vezes, o caminhante encontra cursos de água que impedem a passagem para a outra
margem.
A
própria distância, se for grande, tende a prejudicar a respiração e o ânimo.
Pode
acontecer, contudo, que a teimosa repetição dos passos vá fazendo das pedras
areia, e que nas rochas se vão esculpindo degraus adequados e cómodos.
Pode
acontecer que nos cursos de água se mate a sede e que entre as margens se
construam pontes.
Pode
acontecer que, ao lutar com a distância, se fortaleça a respiração do
caminhante, e que nele se reforce e refine a amável persistência.
Embora
sofrendo, caminha-se.
Caminho.
Coimbra, 12 de Agosto de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.claretianos.pt.]
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