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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sporting: o fim de Domingos à Segunda-Feira


Crónica de um desencontro anunciado, esta.
Domingos Paciência teve dinheiro para comprar jogadores. Teve poder para dispensar jogadores. Teve o ambiente certo para trabalhar. Teve a generosidade, a compreensão e (sem trocadilhos) a paciência dos adeptos e da comunicação social. Durante cerca de sete meses, viveu num estado de graça que não tiveram Paulo Bento, Carvalhal, ou Paulo Sérgio.
Jornadas a fio, os sportinguistas foram esperando por algo de positivo: qualidade de jogo, resultados, títulos. Apesar de alguns fogachos, raramente fomos (mesmo) bons. Dei por mim, muitas vezes, a comparar o nosso futebol com o de equipas como o Paços de Ferreira, o Gil Vicente, o Marítimo, a Académica - e desse cotejo não resultava que fôssemos melhores do que os outros. Vulgarizámo-nos, resignámo-nos, habituámo-nos a uma "aurea mediocritas" triste e sem esperança. Deixámos, por assim dizer, de ser "grandes", isto é, de ser Sporting.
A culpa não é (nunca é) só do treinador, obviamente (basta pensar na invulgar quantidade de lesionados que houve esta época, ou nos senhores do apito que foram ajudando ao enterro). Mas os doentes em estado crítico precisam de tratamento de choque. Com a partida de Domingos, voltará - nem que seja por pouco tempo - uma aragem de novidade e de renovada esperança em melhores dias.
Alguma coisa ficou de bom, julgo eu, da passagem do treinador portuense por Alvalade: a afirmação de Rui Patrício (no matter what); o reconhecimento de que os centrais têm de ter corpo para a função (confio em Oniewu, Rodrígues e Xandão); um lateral esquerdo (Ínsua) como não há outro em Portugal e um direito (Arías) que pode vingar; dois médios de grande qualidade (Elias e Schaars) e um outro que, julgo eu, poderia vir a fazer esquecer certo traidor que desertou em Julho (Martins); finalmente, um um menino avançado que pode vir a ser um fenómeno no futebol mundial (Carrillo). O "resto" (incluindo-se aqui Wolswinkel, Rubio e Ribas) é ainda uma incógnita.
Para Domingos, nesta hora de despedida, vai um cumprimento pouco entusiasmado mas respeitoso. Esteve no meu clube, fez o que pôde, e o que pôde foi pouco para as expectativas dos sportinguistas.
Parece que fica, para já, Sá Pinto. Agrada-me a ideia. E espero que, para além da sua garra, se veja - como "marca" do novo treinador - um regresso aos jogadores da formação, esse viveiro misteriosamente secundarizado nos últimos tempos.
Por mim, aquém e além triunfos, sou sempre do Sporting, claro! E digo (imitando o discurso desses meus amigos que torcem por outros emblemas): graças a Deus que não sou dos outros.

Ribeira de Pena, 13 de Fevereiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, no jornal "Sol", edição on line de 13-02-2012.]

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