Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ir voando


Um pássaro sofrendo, do Presente, o frio e talvez a fome pousa na árvore nua que há em frente ao centro de saúde. Fica ali por minutos, imóvel como o ramo que o sustenta. De súbito, sinos de funeral atroam e a avezinha assusta-se. Foge dali, sobrevoa a minha janela, despede-se talvez para sempre do meu olhar. Também o meu ofício observador se dá aí por concluído. Vou a Vila Real ver o Sporting na televisão. Se aqui ficasse, mais sofreria este feroz frio de Fevereiro, e a minha vida seria ainda mais pobre. Além de que os sinos, esses bruscos brutos abruptos sinos, haviam de assustar-me de novo. O melhor é ir voando quanto possa.

Ribeira de Pena, 11 de Fevereiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.verdes-ecos.blogspot.com.]

2 comentários:

Anónimo disse...

E voar sempre!
"La liberté c'est un oiseau si je l'écoute chanter"

Abraço!

Manuel Vilares

Anónimo disse...

Ou, à Antonio Machado, o caminho faz-se andando (cito de cor). Ou, à Sophia (cito e gloso de cor), navegamos sem o mapa que, entretanto, vamos fazendo-vivendo.

JJC