quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Interrupção
Demora o calor. Vai-me com a idade sendo mais difícil suportar o frio das manhãs, das tardes, das noites. O meu corpo produz muco nasal com a fúria de uma dívida grega ou lusa. Tusso muito, tenho arrepios, uma espécie de gripe anda teimosamente por mim, indo e vindo, cabra. O trabalho, assim, custa mais. Levantar-me é uma violência hiperbólica e anima-me apenas a ideia de que já-já (quero dizer, daqui a umas dez horas) volto para o único lugar da terra que verdadeiramente me apetece: a cama.
Esta (in)existência horizontal, em tempo de saúde frágil, é uma espécie de treino para a morte. Bebe-se um chá muito quente, esfrega-se o peito com álcool, fecha-se o olhar e abraçamo-nos à anestesia da noite. Vida suspensa.
Amanhã estarei bem, penso pouco convictamente. Peço desculpa por esta interrupção. O sol seguirá dentro de algumas horas.
Ribeira de Pena, 23 de Fevereiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
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