Não sei, irmão, nada de ti
Das tuas dúvidas, das tuas dívidas
Das tuas dádivas
Das tuas mágoas, dos teus sonhos
Das tuas saudades, das tuas urgências
Dos teus mortos, dos teus versos preferidos
Dos teus restos, dos teus rostos, dos teus rastos
Dos teus impérios, das tuas misérias
Das tuas epifanias entre a infância e o futuro
Das estradas entre o que eras para ser
E o que apenas (o que tanto) és
Não sei nada dos teus segredos
Dos teus sentimentos
Dos teus ressentimentos
Dos teus passos e cansaços
Das tuas rotas velhas
Das tuas novas rotas
Das tuas derrotas
Dos teus talentos
Das tuas amadas canções que te fazem voar
Não sei nada, irmão, de ti
Sei só da minha pobre vida
Minha
Dos montes e vales e infernos
Que percorro, andam por mim
Nos intervalos de pouco céu
Sei só da minha secretude particular
Sei só do meu destino
(E pouco sei do meu destino)
Sei só do que fui, do que estou sendo
Sei só do meu destino
Só
E contudo, irmão, não sei se nada sei
De ti
Porque de ti eu sei, pelo menos, que és meu
Irmão
Isto é, sei de ti este muito ou nada
(Ou este quase nada, quase muito)
Que sei, irmão, que pelo menos sei
De mim.
Arco de Baúlhe, 02 de fevereiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.sentimentosintimos.blogspot.com.]
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