Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pessoal, universal (isto é, poesia)

Não sei, irmão, nada de ti Das tuas dúvidas, das tuas dívidas Das tuas dádivas Das tuas mágoas, dos teus sonhos Das tuas saudades, das tuas urgências Dos teus mortos, dos teus versos preferidos Dos teus restos, dos teus rostos, dos teus rastos Dos teus impérios, das tuas misérias Das tuas epifanias entre a infância e o futuro Das estradas entre o que eras para ser E o que apenas (o que tanto) és Não sei nada dos teus segredos Dos teus sentimentos Dos teus ressentimentos Dos teus passos e cansaços Das tuas rotas velhas Das tuas novas rotas Das tuas derrotas Dos teus talentos Das tuas amadas canções que te fazem voar Não sei nada, irmão, de ti Sei só da minha pobre vida Minha Dos montes e vales e infernos Que percorro, andam por mim Nos intervalos de pouco céu Sei só da minha secretude particular Sei só do meu destino (E pouco sei do meu destino) Sei só do que fui, do que estou sendo Sei só do meu destino Só E contudo, irmão, não sei se nada sei De ti Porque de ti eu sei, pelo menos, que és meu Irmão Isto é, sei de ti este muito ou nada (Ou este quase nada, quase muito) Que sei, irmão, que pelo menos sei De mim. 

Arco de Baúlhe, 02 de fevereiro de 2012. 
Joaquim Jorge Carvalho 
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.sentimentosintimos.blogspot.com.]

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