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sábado, 7 de janeiro de 2012

TDT: a portuguesa falta de decoro


Com a cumplicidade (muitas vezes sob a forma de envergonhado silêncio) de gente importante, está em curso uma das maiores vigarices de que a sociedade portuguesa tem sido vítima. Falo da TDT (Televisão Digital Terrestre). É bom que se reflicta um pouco sobre o assunto.
Uma certa patine de indiferença parece acompanhar a ténue discussão. Creio que tal se deve, em grande parte, à circunstância de os opinion makers da lusa paróquia consumirem tv por cabo e de, por isso, não sentirem na pele o problema.
O que se pretende é que muitos portugueses comprem os dispositivos necessários à TDT, sem o que pura e simplesmente perderão o direito (até aqui tido por adquirido) de ver os canais generalistas.
Para além da vergonhosa chantagem que se faz sobre os pobres consumidores de televisão, há este inelutável facto: senhores importantes querem que a plebe pague para patrocinar a mudança decidida pelos ditos senhores importantes.
Acresce que as condições de acesso à TDT não custam o mesmo em todas as regiões de Portugal!
Perceba-se: esta mudança da analógica para a digital terrestre deveria ser paga pelos próprios operadores e pelo Estado (que, através das facturas da EDP, recolhe não despicienda quantia para a televisão pública).
Em boa verdade, os principais prejudicados com a eventual não adesão do público à compra do dispositivo seriam os próprios canais de televisão. A sacrossanta publicidade precisa de público potencial e as televisões precisam da sacrossanta publicidade.
Trata-se de um negócio de milhões. Para milhares de humildes cidadãos, é logo à partida um negócio de perder. Para meia dúzia de espertalhões, é mais uma "janela de oportunidade".
Não tem faltado só bom senso neste processo. Tem faltado decoro.

Ribeira de Pena, 07 de Janeiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http:www.dinheirovivo.pt.]

1 comentário:

monge disse...

Acho que tem faltado muita coisa, meu amigo. Tem faltado a coragem que ponha em prática a raiva que nos vai crescendo nos dentes.
Abraço