Eles comem tudo e, depois, vão à missa ou à televisão mostrar a sua angústia com a situação do Estado ou a miséria dos pobrezinhos.
Eles recebem prémios de milhões de euros e, depois, vão às conferências explicar que o país vive acima das suas possibilidades.
Eles subsidiam os familiares com dinheiros públicos e, depois, escrevem nos jornais sobre a importância da austeridade e a necessidade de se defender a iniciativa privada.
Eles denunciam a insustentabilidade da caixa geral de aposentações e, depois, acumulam faraónicas reformas de governices e deputices.
Eles defendem Deus, ou o Profeta, ou Buda, e depois ajoelham-se perante uma alemã obesa.
Eles julgam que a paciência das pessoas é infinita e, depois, se Deus quiser, um brechtiano rio saltará as margens e talvez se arrependam.
PS: Em verdade vos digo, contemporâneos, que como os outros temo dilúvios a haver, mas os compreendo. Porque a humana paciência é naturalmente finita, e mesmo a de Deus se pode um dia esgotar. Noé?
Ribeira de Pena, 24 de Janeiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (do filme 2012, de Roland Emmerich)foi colhida, com a devida vénia, em http://www.cinegnose.blogspot.com.]
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