segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
O mundo virtual
A internet, como a dinamite, foi uma invenção que supostamente concorreria para o bem da humanidade. No caso do ciberespaço, havia essa maravilhosa possibilidade da democratização do conhecimento, da aproximação de povos e indivíduos, da partilha de experiências. E muito desse sonho mundial veio, convenhamos, a concretizar-se. Mas um efeito perverso acompanhou este novo tempo (e por isso me ocorreu o paralelismo com a dinamite): as pessoas deixaram, em imensa escala, de contactar fisicamente com os outros. Como uma droga, o computador tornou-se sujeito tutelar das suas vidas e toda a existência foi resvalando para a dimensão virtual, tantas vezes máscara do que cada um verdadeiramente é, tantas vezes incompleta, tantas vezes mentirosa.
A mim, confesso, assusta-me sempre falar com "anónimos" (escrevo a palavra entre aspas porque ela, na gramática da internet, é muitas vezes uma assinatura, havendo pessoas que rubricam os seus desabafos com o termo "Anónimo").
Lembrei-me disto porque, de novo, fui à minha caixa de correio (a física, a que o carteiro utiliza para depositar - quase só - contas da luz, da água, dos seguros) e ela estava vazia. O Email substituiu as queridas cartas em papel que, hoje, quase ninguém escreve.
Não me parece inteiramente positiva a evolução, senhores. E nem me apetece falar de romances convertidos em páginas digitais que alguns anunciam por aí como a mais radical das maravilhas. Plantem-se as árvores que forem precisas - mas, por amor de Deus, que não se perca uma das mais belas invenções da espécie humana - o Livro!
Ribeira de Pena, 23 de Janeiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.blogdokleberteixeira.com.]
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