Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

domingo, 15 de janeiro de 2012

Sonho viajante


Sonhei com família, amigos, conhecidos, todos juntos na casa de minha mãe. Eu, sei lá porquê, aparecia com peixe fresco, havia uma algazarra de comentários e de sugestões para o almoço, a minha tia Belinha começava a lavar carapaus, raias, polvos, e o meu irmão Nelo, ainda petiz, queria água mas ninguém o ouvia.
Normalmente, esqueço-me dos enredos que há nos sonhos. Desta vez, não. O almoço terminava com a notícia de que eu me iria embora para longe e com os presentes discursando, um a um, as despedidas. Cada fala trazia um abraço comovente, a que eu respondia sempre com estúpidas piadas que à minha mãe, chorosa, escandalizavam.
Depois, eu afastava-me num táxi e, pelo vidro traseiro, ainda via as pessoas amadas (algumas já mortas, fora do sonho) dizendo adeus.
O mais misterioso deste devaneio onírico foi, no final, eu estar num lugar completamente estranho, afinal, como logo a seguir percebi, num outro tempo: a Idade Média. Um homem velho, com uma enxada na mão, aproximou-se e perguntou:
- Qui êtes-vous?
Eu acordei a gritar (ou julgando que gritava):
- Eu não sou daqui! Je viens d’un autre temps! Perdu, vous comprenez?

Ribeira de Pena, 15 de Janeiro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.hid0141.blogspot.com.]

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