terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Alegria com medida
Às vezes, o horizonte é tão curto à roda de nós.
Às vezes, é tão improvável a bondade dos dias.
Às vezes, somos tão pequenos se comparados com o tamanho dos sonhos ou dos desejos que éramos.
Por outro lado, é tão provável, no futuro, o menos que isto. Tão fatal o quase nada e, depois, o nada absoluto. Tão tragicamente certo que há fim e que o fim, ainda que demore, chegará.
De modo que isto agora, sendo pouco e triste, é decerto melhor que o nada seguinte. Deixai, pois, que vos e me ofereça esta espécie de alegria: a de, por enquanto, a nossa infelicidade ser menor do que poderia (do que há-de) ser.
Escutai-me. Eu costumava perguntar, ao Mestre João (amigo de que nunca me esqueço para ele me não morrer completamente):
- Como está, senhor João?
E sempre ele respondia, rindo-se antes ou depois de mim:
- Estou melhor do que aqueles que estão pior.
Se me perguntassem agorinha mesmo como estou, seria essa também a resposta.
A minha alegria tem os limites e as dores normais da condição humana. Tenho pouco. Sou pouco. Olho para trás e para diante e, confesso, não encontro motivos para euforias excessivas. Mas olhai, irmãos, vista a coisa daqui e d’hoje, não é mau.
Ribeira de Pena, 01 de Fevereiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
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