sábado, 19 de fevereiro de 2011
Zona d'ovos (Zona de Perecíveis 3)
O ovo podia ser o princípio de tudo
Ou a forma arredondada de eternidade:
Um pinto depois franga depois galinha
E outros ovos a haver, isto é, o futuro.
Mas às vezes acaba tudo numa embalagem ergonómica
Na hipermercabilização por secções
Com carimbos de preço, origem, tamanho
E duração
(desde o cu da galinha poedora ao fim dos tempos).
Ali espera todo o ovo a lei de Lavoisier, isto é
A graça terminal de um comprador distraído
Um saco, uma viagem, a morte.
Dá-se o caso de alguns serem tardiamente apreciados
Escolhidos tão depois do prazo que regressam
Pelo guichê previsto das reclamações –
É para esses o futuro um contentor de desperdícios
Cheio de muitas coisas com o valor de nada
(Ai, eu sei lá o que tem isto a ver com a vida!)
E talvez o resgate nocturno de imigrantes
Desesperados
Muito a leste lupino do consumo.
Ribeira de Pena, 18 de Fevereiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[Uma primeira versão deste poema foi escrita em 2007.]
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