Às vezes, tropeçamos num rosto, num gesto, num filme, numa notícia, numa paisagem, numa melodia, numa voz, nuns olhos, num pedaço de texto – e algum fenómeno estranho e grato se produz. Ainda que por instantíssimo tempo, pode acontecer que o sol nos visite por dentro e o presente se una ao passado e ao futuro. Isto é, que o cosmos exista.
Refraseando: a verdade inteira pode caber, por exemplo, num único verso.
É tão grande a felicidade, então, de estarmos lendo o céu, residindo nele enquanto nos apropriamos da sua luz reveladora, que se torna irresistível repeti-lo. Dizê-lo muitas vezes. Partilhá-lo.
Ultimamente, tenho experimentado estas epifanias, sobretudo, na literatura de Ruy Belo, Manuel António Pina, Daniel Abrunheiro, Jorge Sousa Braga, Sophia, Paul Célan …
Mas, neste momento, tenho a brilhar-me por dentro de cabeça e alma, uma perfeição pequenina escrita por Ana Marques Gastão. Ofereço-vo-la:
"Melancolia
- nostalgia de Deus."
À noite, olhando as estrelas, vejam bem se não há por lá versos destes iluminando-nos para sempre.
Ribeira de Pena, 21 de Fevereiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.storm-magazine.com.]
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