quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Ocaso não (Zona de Perecíveis 2)
A senhora já madura, no mercado
Escolhe a melancia com vagar;
Se acaso vê maduro algum bocado
Logo a devolve ao seu lugar.
Só leva para casa a melancia
Previsivelmente resistente
Ao tempo que virá até ao dia
Certo de a comer devidamente.
Ao lado, uma moça descuidada
Destas atenções não fará caso
E traz a melancia já tocada:
Não há senão agora para prazo
Da fome juvenil, tão apressada
Tão fora da ideia de ocaso.
Ribeira de Pena, 17 de Fevereiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[Uma primeira versão deste poema foi escrita em 2007. A imagem (colhida em http://www.adorocinema.com) é a do cartaz do filme Nove Semanas e Meia, de 1986, realizado por Adrian Lyne.]
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