domingo, 20 de fevereiro de 2011
Olhar Mercador (Zona de Perecíveis 6)
O meu olhar amanheceu ordinário e vai comigo
Até ao hipermercado habitual, despudorado
E atento como felino à cata de refeição.
É o tempo dos melões e o meu olhar mal se esconde
Da balzaquiana de vestido leve e carnes duras
À roda da fruta.
A mulher debruça-se sob o meu olhar e sopesa
Acaricia, cheira, apalpa, aprecia melões
(melões verdes, brancos, rosados, amarelos)
Como quem não pode escolher senão o fruto certo.
Por mim, por meu olhar, é já escolhido
Sob o decote amado do que vejo:
Dois mundos à entrada do vestido
Rindo-se de mim, do meu desejo.
Ribeira de Pena, 20 de Fevereiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[Uma primeira versão deste poema foi escrita em 2007. A imagem (“Madame Bovary”) foi colhida, com a devida vénia, em http://3bp.blogspot.com.]
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