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Número de Ondas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um Camilo em seu convencional deserto



Uma criatura com ares de doutor em economia, de fraca figura e de frágil gramática, anda há uns anos a falar das finanças portuguesas na televisão por cabo e, de quando em vez, na TVI e no Diário Económico. Chama-se Camilo Lourenço e, entre muitos clichês (que não desmereceriam o mais caceteiro dos taxistas do aeroporto), deu agora em opinar sobre o que manifestamente desconhece - professores, avaliação, sindicalistas. Ora, um ignorante com tempo de antena, num país de pacóvios, pode bem tornar-se numa espécie de guru dos tristes. E, hélas, tal sucedeu!
O seu mais recente arroto opinativo foi sobre Mário Nogueira e o facto de este decano sindicalista ter sido avaliado, enquanto professor "de carreira", com a classificação de "Bom". O escândalo, na peixeirada enunciatória do senhor Lourenço, estava na circunstância de Mário Nogueira não dar aulas há 21 anos. Se o pobre plumitivo se tivesse instruído um pouco mais acerca do assunto, correria menos riscos de dizer as baboseiras que diz...
A avaliação de um sindicalista, que se mantém "professor" porque essa é a sua profissão, faz-se nos termos aceitáveis que o seu labor específico, em cada circunstância, determina. O mesmo se passa, afinal, com professores avaliadores, professores formadores, professores com funções de gestão, etc.
Já me parece mais estranha a sua aversão (também cultivada, por exemplo, por Sócrates e por Passos Coelho) ao sindicalismo tout court (e Lourenço fala mesmo de quem anda "naquela vida"). Tresanda a saudosismo salazarento, ó Camilinho!
Qualquer português sem preconceitos percebe esta verdade óbvia: se o Mário Nogueira "lhes" provoca tantos pruridos, é porque o sindicalista está a fazer bem a sua função. E eu, que nunca fui da sua cor partidária, admiro neste homem a seriedade, a coerência, a coragem - e a paciência (mais cristã, até, que marxista) com os camilóides desta vida...
Um abraço (e um cravo vermelho) para Mário Nogueira!

Coimbra, 21 de Dezembro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.pracadarepublicaembeja.net.]

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