quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Mar a haver
Entre o Piquinho e o Paraíso, no verão
Corre um fio de ribeira rumo ao mar.
Resistem-lhe calhaus, vegetação
E o próprio solo negro, irregular.
Olho à tardinha o fio em curso
Cansado de correr pelo seu mar
E essa teimosia do percurso
Ilustra o meu próprio procurar -
Que nesta ribeira entardecida
Corre sumária seiva, calma e doce
Semelhante ao da minha pobre vida
(A esta ou talvez outra que eu fosse).
Não vejo daqui o que há-de vir
Depois de a ribeira ser já mar
Mas antegozo a glória de cumprir
O gesto, a gesta de desaguar.
Ribeira de Pena, 01 de Dezembro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.madeira-gentes-lugares.blogspot.com. Este poema faz parte do meu livro de poemas "A Palavra Vale" com que venci o Prémio Literário Francisco Álvares de Nóbrega (Machico - Madeira). A Junta de Freguesia de Machico editou um volume intitulado V Concurso Literário de Poesia Francisco Álvares de Nóbrega (Outubro, 2011) que, além do meu trabalho, inclui os trabalhos classificados no 2.º e 3.º lugares.]
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