sábado, 3 de dezembro de 2011
Efeméride pequininha
Vinte e oito anos depois daquele dia frio e célere: a cabeleireira da rua sem tempo para pressas; a Salvina , nosso porto santo e desconcertante; tu entrando, por engano doido, no carro de um sapateiro que nada tinha que ver com o casamento; a velocidade suicida do meu irmão Tó transportando-te até à Igreja de Santa Cruz; algumas colegas de faculdade espreitando, à esquina do Café homónimo, a novidade que éramos; o padre José furioso com o atraso e o seu discurso vertiginoso até aos nossos sins; a festa italiana na garagem do senhor Antero; a tua irmã cobiçada pelos fotógrafos e, no silêncio ao lado, o teu irmão Fernando ainda imortal e luminoso; o teu pai, o meu pai, o senhor Antero, todos muito antes de estarem mortos; a tua mãe ainda nova e espantada com o tamanho do almoço; a minha mãe ainda nova e rindo-se de alguma piada brejeira da tia Belinha; tu tão formosa como a melhor literatura que eu já alguma vez tivesse conhecido; a VL nove meses depois para ficar tudo certo.
Vinte e oito anos já!
Obrigado, pequininha.
Ribeira de Pena, 03 de Dezembro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (uma rosa para a MP) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.globomidia.com.]
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