Metáforas porquê, para quê, perguntas
No devir de leituras à hora do café.
Respondo-te como sei, afinal repetindo
O que já há séculos
(hipérbole catacrética)
Te venho afirmando em verso e prosa:
Metáforas por não saber, amor, da linguagem
O bastante para dizer quanto queremos
Ou por sentir o insuportável excesso do por-dizer
(Face, amor, aos limites do código que nos deram).
E vê que o mesmo explica talvez a poesia em geral
Ou a narrativa em seus vários rostos
Ou a rima e os rimos das palavras entrebeijando-se
(E o iô-iô de brilhos e de sentidos nelas, delas).
Vê ainda que a ideia de metáfora atravessa a pintura
E a escultura, e outras artes
(Exceptua a Música que é uma coisa maior -
Uma espécie de verdadeiro Deus universal
Acima d'isto tudo que ora digo).
A metáfora, amor, é uma arma
Contra (digamos assim) a falta de linguagem essencial.
O poeta, amor, usa (assim digamos) a metáfora
Em legítima defesa.
Coimbra, 23 de dezembro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho.
[A imagem (Cesário Verde, por que motivo não?) foi colhida, com a devida vénia, na wikipedia.]
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