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segunda-feira, 14 de março de 2011

A questão nuclear


A tragédia japonesa dos últimos dias trouxe-nos informação altamente perturbadora e comovente. A globalização torna-nos vizinhos de qualquer guerra, de qualquer mistério, de qualquer tsunami. Estamos com o mundo, somos o mundo. É com os japoneses? É connosco.
A recente ameaça de uma catástrofe nuclear de proporções chernobylianas lembrou-me de uma circunstância, também, da contemporaneidade portuguesinha. Aí vai.
Alguns sábios e, sobretudo, senhores importantes da economia lusa vinham, desde há uns três anos, a sugerir a opção pela energia nuclear. Diziam, com a força dos seus cálculos financeiros, que era a opção mais inteligente e moderna. E, com cinismo, ofereciam o rebuçado retórico de se tratar de uma energia limpa, amiga do ambiente.
Perigos? Muito poucos, garantiam. Chernobyl tinha sido há muito tempo já, e fora consequência - sublinhavam - daquele período de transição para o capitalismo, durante o qual os russos se haviam deixado tomar pela incúria.
E, agora, o Japão...
Parece que, de vez em quando, a Mãe Natureza se serve dos mais violentos métodos para ensinar os homens.
Com todo o respeito pela dor dos nossos irmãos japoneses, não deixo de perguntar numa primeira ressaca do sucedido: por onde andarão, nestes dias mais próximos, os entusiastas portugueses da energia nuclear?

Ribeira de Pena, 14 de Março de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

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