Os Homens da Luta ganharam o Festival da Canção. Alguns espectadores, escandalizados e sofrendo evidentemente de alergia burguesa à irreverência de Jel & Irmão, saíram da sala de forma abrupta. Abruptos, pois. À bruta.
A pior direita é malcriada e, como a pior esquerda, intolerante.
Eu, que não vejo o Festival da Canção desde (talvez) a vitória da Dulce Pontes, estou contente. Muto contente, pá!
Coimbra, 05 de Março de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
2 comentários:
Pois eu tinha ouvido falar que um grupo de protesto tinha ganho o Festival e estava curiosíssimo. Agora, depois de os ter ouvido (e visto) fico a pensar: que bela oportunidade perdida! Se a canção fosse mais bem composta e cantada, e se não soasse como um comício do PCP durante o PREC (roupas e tudo), teria tudo para ser um hino memorável, e mais intergeracional do que o dos Deolinda. Pelo menos fica a irreverência, o protesto, e a polémica que certamente vai acompanhar a canção e porá Portugal (e o descontentamento que grassa entre as pessoas) nas bocas do mundo. Por isso também estou contente, pá, mas só moderadamente contente.
Mas a piada está (acho eu) no facto de soar como um comício do PREC, Paulo... O aspecto de PREC funciona como provocação (os próprios bonecos de Jel e Falâncio têm uma dimensão irónica).
A questão, aqui, é pouco "musical". Trata-se de uma brincadeira que alcançou proporções maiores porque muita gente (à "esquerda" e à "direita") está disponível para aproveitar todos os pretextos para dizer que está farta do statu quo.
Coisa, portanto, divertida e, por outro lado, assustadora.
Abraço!
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