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sexta-feira, 18 de março de 2011

Mãe imortal


Estive cerca de nove meses dentro da barriga da minha mãe. Reparto com a maioria dos mamíferos humanos esse aspecto pré-biográfico.
Depois, nasci. A minha mãe continuou a chamar-se a minha casa e, tirando alguns detalhes físico-químicos, manteve-se entre nós o sagrado vínculo umbilical.
Há quase quarenta e oito anos que é assim.
É verdade que a nossa cartografia doméstica nem sempre coincide. Mas onde eu estou, está a minha mãe. E em tudo quanto faço, desde muito menino, há sobretudo a secreta esperança de que a minha mãe tenha orgulho em mim.
Ela faz hoje setenta e um anos e eu dei-lhe os parabéns, via telefone, a 260 quilómetros do seu sorriso.
Já agora: sinto estes setenta e um anos como (apenas) um pormenor, porque a minha mãe é imortal enquanto eu andar por aqui a lembrar-me dela.

Ribeira de Pena, 18 de Março de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A foto foi tirada em 2006 e reúne, por feliz acaso, duas meninas queridas. A V. era, à época, quartanista de Direito e havia naquele preciso dia o desfile da Queima das Fitas.]

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