Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ilha Encantada


Luis Sepúlveda é um dos autores que entra nesse belo projecto editorial chamado O Teu Nome Flutuando no Adeus (já referido neste “Muito Mar”).
Na página 128 do seu conto “A Ilha”, o chileno narra um encontro de certa personagem, na ilha de Sylt, com o amor da sua vida - e o passo é, de tão lindo, inesquecível. Reporto-vos, generosamente, essa epifania do senhor Kurt, forte o suficiente para o obrigar a mudar de estado civil:

«- Eu defendia o meu celibato como um espaço natural, do mesmo modo que Sylt continuaria a ser uma ilha até que o mar lhe arrebatasse o último bocado, mas eis que uma manhã no porto, enquanto observava os estivadores a descarregar bananas de um barco proveniente da Costa Rica, vi-a caminhar directamente para mim. Separavam-nos uns vinte metros que ela reduzia com os seus passos. E não se tratava de uma visão que fosse fruto da primeira bebida da manhã. Quis fugir, mas as pernas não me obedeceram e, quando ela se deteve à minha frente, pedindo-me trocos pois precisava de moedas para olhar pelo telescópio, corri, acredita em mim, corri como num atleta, até à loja de recordações marinhas e comprei o telescópio maior que lá tinha. Voltei numa corrida e entreguei-lho. Ela não percebia, e ainda menos quando lhe disse: “Tome, e tudo o que vir, seja o que for, é seu.” […]»


Um livro inteiro pode, só por um episódio destes, valer a pena!

Arco de Baúlhe, 30 de Março de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem de Gwineth Paltrow foi colhida, com a devida vénia, em http://www.actionnerds.wordpress.com.]

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