Somos, digo-vos, repetições
De outras eras, coisas, passos.
Repetimos, por exemplo, corações
Desilusões, cansaços.
Olhai esta mulher rara
Comendo pão ao balcão –
Como Inês de Santa Clara
Roubando a Pedro a razão.
Entre a galega loira tão amada
E a minha de si pulcra tentação
Há aritmética, mais nada
Que humana se repete a condição.
[Ó tão incompleta eternidade
Este fascículo de estar vivendo!
Ó presente, feliz talvez, correndo
Rumo à bruta, a haver, saudade!]
Linda Inês, come o teu pão
(Também dele me alimento).
Sou Pedro d’ocasião:
Corra o sangue em vez do tempo!
Vila Real, 02-03-2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A pintura de Pierre-Auguste Renoir (“Mulher com sombrinha” , 1867), foi colhida – com a devida vénia na wikipédia.]
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