quinta-feira, 6 de maio de 2010
Milésimo de Torga (1)
Granito
O granito é o chão do destino, bruto e terno como um pai: ampara e dói, e não desaparece senão para morrer.
Há no granito qualquer coisa de eternidade. Pelo granito vai-se ao futuro ou regressa-se ao princípio de tudo.
Não há talvez no granito matéria de estrelas, nem poéticos pretextos de sonhar. Mas no granito se fundam os pés de agora. No granito começa a presente possibilidade dos passos.
É no granito que se constrói, aqui, a casa de resistir. Com o granito se faz, agora, a casa de permanecermos.
As estrelas ficam mais além, mas só existem porque há chão.
Ribeira de Pena, já 6 de Maio de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Uma 1.ª versão deste texto foi publicada em 1996. Fazia parte de um volume a que chamei Milésimo de Torga.]
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1 comentário:
Esta poesia está soberba. Excelente metáfora.
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