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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pergunta de algibeira (2)


Alguns senhores importantes acham que o Estado resolve o seu problema (aliás, nosso problema) reduzindo a despesa. Isto significa, em especial, cortar em salários (públicos e privados) e em serviços (sobretudo, públicos). O Estado explica as suas medidas mais ou menos nestes termos: não há dinheiro, não se paga. Ou: não há receita, não pode haver despesa.
Vista a coisa do lado de quem trabalha, a solução tem consequências: se já havia pouco dinheiro em seus bolsos humildes, agora passa a haver menos. E apetece perguntar: se tomarmos para nós o raciocínio – não há dinheiro, não há despesas -, podemos cancelar ou diminuir os pagamentos ao Banco, à empresa de leasing, à EDP, ao supermercado, etc.?
Dizem-me que não.
De modo que a diferença entre o Estado e nós está em que, se nós não pagarmos, vamos presos.

Coimbra, 23 de Maio de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

É, o mais simples é sempre cortar em salários e serviços. Há anos, numa altura em que o défice das contas públicas também era falado, ouvi um economista discorrer assim: o Estado gasta basicamente em equipamentos, investimentos e salários. Onde se há-de (há de) cortar? Nos equipamentos? Não, pois fazem falta. Nos investimentos? Não, pois são necessários ao desenvolvimento. Restam os salários.
O problema está, é claro, mal colocado. O Estado gasta mal, com desperdícios por todo o lado nas suas inúmeras dependências, com prioridades erradas, com ineficiência, com contratações externas desnecessárias, com falta de estímulos à produtividade dos funcionários, etc. Há que reconhecer que Salazar tinha certa razão quando comparava a gestão financeira do Estado à gestão de um orçamento familiar: em vez de desligar as luzes nas divisões vazias, em vez de espaçar as idas aos restaurantes caros, em vez de fumar menos, uma família deverá poupar despedindo a empregada de limpeza, deixando de comprar livros e jornais, ou abolindo os donativos para a Cruz Vermelha? O Estado está cheio de vícios e deformidades; enquanto persistirem, haverá problemas financeiros, e nós continuaremos a pagar as crises. Mas quem é que tem capacidade e vontade para regenerar o Estado sem o desmantelar como alguns querem? Não sei não.

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Caro Paulo,

subscrevo inteiramente. Abraço.

JJC