quinta-feira, 27 de maio de 2010
Direito à moderada alienação
Leio no JN de hoje a história de um português de 38 anos que foi ver um treino da selecção portuguesa, tendo levado consigo, ao colo, um filho.
Num frenesim leonino, notável em época de leões tão magros, ele queria sobretudo ver o Liedson:
«Que é do Liedson? Onde está o Liedson?»
Enfim, tratou-se, de acordo com o enunciado jornalístico, de um dia muito feliz para aquele sportinguista beirão.
Ah, falta dizer que a vida deste homem não tem corrido especialmente bem. Está desempregado e tem uma família a seu cargo.
Agora, digo-vos: sou incapaz de levantar um só dedo contra a pontual alienação em que, como aquele concidadão entusiasmado, incorremos todos, uma vez por outra: futebol, alguma literatura, sono, religião, certa música, viagens em busca do sol, converseta de amigos sobre nenhum sonho em especial, televisão.
É que a realidade é insuficiente, senhores. De vez em quando, sabe bem voar para lá (ou para cá) da brutidade quotidiana. Como diria o meu amigo Daniel, antes isso que andar na droga.
Ribeira de Pena, 27 de Maio de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem-supra foi colhida – com a devida vénia – em http://desporto.sapo.pt.]
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