Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ares do Tempo


O ar do tempo lê-se em simples pormenores do quotidiano. As modas, o jargão, a mentalidade consensual, o vestuário, a literatura de sucesso, a arquitectura, as canções.
Que tempo é o nosso?
Confesso, senhores, que a minha percepção do presente, apesar de fugazes glórias com sol e lábios, é pouco positiva. Por exemplo...

Terá lugar em Barcelos, no próximo dia 9 de Maio, a final do Concurso Nacional de Leitura - fase distrital. Lendo o regulamento da prova, dois pormenores me saltaram à vista (e ao coração). Digo-vo-los:
a) em caso de empate, os alunos serão convidados a responder, oralmente, a várias perguntas; ganha quem for mais rápido a responder...
b) o Júri será constituído pelo Dr. Victor Pinho (bibliotecário), Manuela Ascensão Correia (professora) e Capucho (ex-futebolista, treinador de futebol).

Em a), leia-se a ditadura da pressa, da esperteza (mais do que da inteligência ou da sensibilidade).
Em b), leia-se o pior que há na nossa contemporaneidade e, in casu, no Plano Nacional de Leitura - o de se confundirem as aparências (mediáticas) com a essência (mediúnica) dos livros.

Uma tristeza, o nosso tempo.

Arco de Baúlhe, 01 de Abril de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

A leitura, quando não validada pela presença de expoentes do universo mediático, não passa de uma actividade enfadonha e até algo patética. Consome muito tempo, numa época em que o tempo é sempre escasso. Sendo literatura, pior ainda: qual é o proveito? Além disso, a leitura isola o indivíduo, fá-lo esquecer-se de aceder às redes sociais, e também não queima muitas calorias (as pestanas não são massa gorda). É cool ler umas coisas e saber mandar uns bons sound-bytes; afinal, é assim que os políticos progridem na carreira. Por isso é meritório que exista este concurso, já que não podemos pôr-nos para aí a queimar as toneladas de livros inúteis que já viram a luz do dia... mas tudo se quer com moderação. Ser Capucho um antigo jogador da equipa cujo presidente tão bem declama José Régio é pelo menos uma garantia de qualidade. As tuas lamentações, caro JJ, só evidenciam o teu lado démodé, de velho Catão, de Vencido da Vida, ainda agarrado aos mais decrépitos conceitos. Converte-te, irmão, ao admirável mundo novo. Ass. (portuguese, not english): Advogado do Diabo.

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Distinto Amigo,

hélas, c'est vrai!

Cada vez mais Catão, cada vez mais Vencido da Vida!

C'est (c'était) moi...