quinta-feira, 21 de abril de 2011
Mundo metáfora do mundo
1. Como diria o chileno Skármeta (em O Carteiro de Pablo Neruda), o mundo é - ou pode ser - metáfora do próprio mundo. E não é que, nos últimos dias, dois factos do meu quotidiano me ajudaram a enunciar mais uma lei sobre a condição humana? Partilho aqueles, partilho esta.
2. Encontrei o meu amigo Fernando, da Relvinha. Conversámos sobre a vida, o futebol, a memória, pais e filhos, futuro. A meio do encontro, vi-lhe um sorriso mundial na boca e nos olhos; foi quando me falou de um neto que era “um espectáculo”. Confessou-me, com singeleza, esse milagre que é reviver por obra e graça dos que amamos.
3. Foi nesse mesmo dia que o meu telemóvel 91 ficou sem bateria e descobri a falta do carregador respectivo. Deixei o aparelho em Ribeira de Pena e, até ao meu regresso a Trás-os-Montes, o telemóvel por aqui permanecerá silencioso, provisoriamente morto.
4. Todo este tempo sem carga é, para o telefone, uma interrupção da vida, um lapso de nada.
5. Assim o nosso tempo também, sem uma energia que ciclicamente nos alimente, nos ressuscite, nos salve de inexistir.
6. O Fernando muito vivo e o telemóvel morto ensinaram-me uma verdade fundamental, irmãos: o Amor é o nosso carregador do Tempo.
Coimbra, 22 de Abril de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
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