Naquela terra, era normal os poetas subirem a um monte cheio de árvores e flores para, em silêncio, ficarem horas inteiras a observar a longínqua praia. Era também comum ver sair dos olhos dos poetas (de cada poeta) uma gaivota que, como se de versos voadores se tratasse, batia asas rumo ao mar distante.
Quando um forasteiro passeando pelo areal se dava subitamente conta de certo bando de gaivotas mergulhando nas ondas, vindas todas de uma montanha a vários quilómetros dali, perguntava sempre:
- O que é isto?
E os locais respondiam-lhe invariavelmente o mesmo:
- São poetas com saudades do mar.
[…]
Mais à noite, os meus olham fecham-se, reabrindo-se de manhã com olheiras à volta. As olheiras são o reflexo da gaivota dentro da minha cabeça, antes do voo.
Vila Real, 06 de Julho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.geografia-psol.blogspot.pt.]
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