O anjinho de Belém
Troça do seu irmão
E pede um gelado à mãe.
Chora tanto o irmãozinho
Que a mãe, de tão zangada,
Esbofeteia o anjinho
Escandalizando a cunhada.
Soltam-se alguns dichotes
E abordam-se questões
De ciúmes e calotes
E até de vis traições.
A cunhada, que é obesa
E inveja na mãe bruta
A magreza e a beleza,
Chama-lhe cabra e puta.
O pai do anjo, ao escutar
A terrível discussão,
Sai já a correr do bar
Com a cerveja na mão.
Atrás dele, a empregada
Corre também a pedir
O dinheiro da rodada
Que acabara de servir.
O prior, a esbracejar,
Chama a PSP;
Depois, recusa falar
A repórter da TV.
A repórter da TV.
O anjinho e o irmão,
Cheios de sede e fadiga,
Esperam só que a procissão
Acabe ou siga.
Ribeira de Pena, 30 de Junho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.conversarempeniche.blogspot.com/]
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