Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quarta-feira, 18 de julho de 2012

In-dependências

Diz-nos a História de todas as seitas que os convertidos mais recentes tendem a ultrapassar, em entusiasmo e militância, os seus mais antigos defensores.
Não por acaso, os chamados cristãos-novos, na Idade Média e até em períodos posteriores (que chegaram, pelo menos, ao século XVIII), eram alguns dos mais diligentes perseguidores de judeus & derivados.
Tratar-se-ia talvez de uma pulsão sobrevivente: os novos “cristãos” quereriam mostrar serviço, provar aos outros (e quiçá a si próprios) que eram tão puros e notáveis como os (insuspeitos) “cristãos velhos”.
Lembrei-me disto ao ver-ouvir Carlos Abreu Amorim, num programa da RTP Informação, no passado dia 16. Indignado com os ataques a Miguel Relvas, o dito Amorim - ex-comentador e novel deputado – acusava a comunicação social, a Impresa, a esquerda (os socialistas e os comunistas) de um conluio genérico e vil contra o ministro.
Por mim, que tenho passado muito tempo a atacar, como posso, o ministro Miguel Relvas, custou-me não haver, naquele catálogo dos perseguidores, um grupo em que eu pudesse incluir-me confortavelmente. Receio que o senhor Amorim não visite o Muito Mar. Mas eu leio-o e ouço-o há muito tempo. Lembro-me dele a atacar gordamente (e com a minha entusiástica concordância) a falta de ética de Coelhos, de Varas, de Sócrates. E, confesso, tenho saudades daquele seu ímpeto crítico e livre.
Percebo que aquele senhor é agora deputado do PSD, vice-presidente do grupo parlamentar. No seu afã de agradar aos novos chefes, ataca até o guru Marcelo, um excêntrico que ousa pensar pela sua própria cabeça.
Custa-me pensar, a posteriori, que aquela antiga independência seria apenas (talvez, talvez) uma obesa candidatura às listas do partido laranja. Pobre Amorim rico.

Coimbra, 17 de Julho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.dinheirovivo.pt.]


2 comentários:

Paulo Pinto disse...

Sem comentários.
Só me ocorre uma coisa: Michel, tu vas tomber!

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Voilà!

Abraço, Paulo.

JJC