Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sábado, 28 de julho de 2012

Conversa com o Daniel


Eu dizia-lhe, sobre alguns termos, expressões e arquitecturas sintácticas da sua escrita, que aquilo era a Língua Portuguesa lutando pela sua pureza original. A desesperada Língua Portuguesa resistindo, estrebuchando.
Quase ao mesmo tempo, à roda da ideia dita, coincidimos na imagem de peixes saltando nas redes da praia de Mira, ainda exuberantemente vivos antes de, à falta de mar, morrerem.
E a essa imagem seguiu-se, na minha cabeça, a imagem (bela e trágica) do rouxinol de Bernardim despedindo-se formosamente da vida.
Isso tudo, enfim, para agora vos dizer, sobre a literatura de Daniel Abrunheiro (e sobre a grande literatura em geral), que há nela, quase sempre, uma espécie de despedida esteticamente administrada. A vida dizendo(-se) adeus ao melhor que a vida é. A vida, via linguagem, abrindo-nos janelas para o segredo essencial da vida. Rouxinol desmaterializando-se num fumo de música, peixes acrobatas com saudades do oceano.

PS: Recomendo a visita a http://www.canildodaniel.blogspot.com. Evidentemente.

Coimbra, 28 de Julho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.coisinhasdo5c.blogspot.pt.]

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