Já lera algo sobre este filme romeno “Histórias da Idade de Ouro” (2009), um projecto assinado por cinco realizadores – Ioana Uricaru, Hanno Höfer, Räzvan Märculescu, Constantin Popescu e Cristian Mungiu. Custou-me um euro e noventa e nove cêntimos e, em verdade vos digo, vale uma fortuna.
As histórias que o filme conta são uma espécie de anedotas, semelhantes às que ouvimos sobre os bastidores do comunismo na ex-União Soviética, ou sobre o Estado Novo em Portugal ou a ditadura chilena. Retratam o outro lado da oficial felicidade e, pelo riso ou (sobretudo) pelo sorriso, denunciam a hipocrisia de governos e sociedades.
São cinco episódios, digamos assim, passados nos últimos anos de governação de Ceausescu. Os cenários lembram muito os do nosso Portugal profundo, marcadamente pobres, tendencialmente reais, passados com uma humanidade que desesperadamente tenta sobreviver. Acresce que a língua romena é irmã da portuguesa (aqui e ali, encontramos vocábulos absolutamente idênticos, como “casa”). Vemos o filme como quem folheia um álbum de família.
Cada uma daquelas histórias daria um bom livro (e, perdoe-se-me a ignorância, se calhar até deu). Grato foi ter reencontrado na cinzenta tarde de sábado, à boleia deste precioso dvd, um bocadinho do nosso país de antes de Abril – espaço&tempo cheio de problemas, claro, mas familiar e doce se visto com aquela branda ingenuidade que havia no meu olhar de nove-dez anos.
Também por isso o próprio título parece inventado expressamente para mim.
Ribeira de Pena, 23 de Abril de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
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