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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

22 de Agosto


Se eu estivesse na Madeira e o Mestre João fosse vivo, hoje era dia de festa rija: espetada, pãozinho bom, vinho a rodos, música, gargalhadas. O pretexto para a celebração seria (mais) um aniversário - o 51.º - de casamento. Sei que, no Caniçal, como de costume, houve missa e que, com menos gente que habitualmente, a família se reuniu.
A minha filha, certo dia, interpretando o que sentíamos todos, saiu-se com esta: "O dia 22 de Agosto é o nosso Natal na Madeira." Certíssimo, VL!
Ainda estava vivo o Mestre João quando eu escrevi (e lhe dediquei), em 2008, uma novela intitulada A Casa Circular. A personagem principal desta narrativa era determinado "Manuel Vieira" que, em boa verdade, tinha muito do meu sogro. Permito-me recordar, aqui, o final do terceiro capítulo:
«A família era o bilhete de identidade de Manuel Vieira. O seu lugar. O seu calendário. O motivo para acordar todos os dias e acreditar no futuro.
- E os outros, mestre Manuel? - perguntara, uma vez, o padre Fontinhas.
- Os outros são parte da família - respondera o velho, à gargalhada.
E acrescentara, tocado subitamente pela graça da poesia em seu discurso de homem simples:
- A minha família é como a minha Igreja. Não tem tecto.»
Senhor João, Mestre, Amigo: que grande honra foi tê-lo conhecido!

Coimbra, 22 de Agosto de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

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