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Número de Ondas

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Coligação Relativista


Há, desde Pedro, Papas e Papas. Bons e maus, está-se mesmo a ver. Em muitos casos, para se dizer qual é o melhor, venha o diabo e escolha.
Um dos que mais pancada tem levado é este, o alemão Ratzinger.
Não hei-de ser eu a defendê-lo, Deus me livre. Mas tenho de confessar que, nos últimos tempos, dou por mim a citá-lo ou a lembrar-me de coisas que ele escreveu e eu, diferida ou directamente, pude ler.
A primeira é a de que a fé se deve (também) provar pela razão. Esta noção conduz a uma versão melhorada da metáfora do rebanho: em vez de uma carneirada acrítica e estúpida, há afinal gente que não abdica de, em defesa das suas convicções mais profundas,reflectir.
A segunda é a do combate ao "relativismo moral". Bem sei que estou em terreno perigoso,movediço, difícil. Mas acho - cada vez mais - que a humanidade não cresce sem linhas definidas sobre verdade e mentira; justiça e injustiça; certo e errado; beleza e fealdade.
Os relativistas militantes dir-me-ão: justiça, verdade, correcção e beleza são conceitos vagos, indeterminados, susceptíveis de interpretação diversa. Ou, como um dia disse Pina Moura, em despudorada viagem de parlamentar a alto dirigente da Iberdrola, "a minha [sua] ética é a republicana - se é legal, é justo". [Cito de cor.]
O tanas, Dr. Pina Moura!
A verdade é a verdade é a verdade é a verdade. O justo é o justo é o justo é o justo. (E, já agora, a lembrar-me da comissão parlamentar sobre a TVI, estas certezas compreendem o "valor" das escutas, por muito ilegais que sejam!)
Creio profundamente que precisamos, hoje, de verdade. Precisamos de referências e de gente que represente princípios. Precisamos de ideologia (de falar de esquerda e de direita). Precisamos de autoridade moral.
Pilar, a viúva de Saramago, dirigindo-se a Mário Soares (ver J.N., ed. de 28-06-2010), disse-lhe: "Continue assim. Precisamos da sua autoridade, mesmo que seja para a discutir."
Sócrates e Passos Coelho, lá no íntimo, mais do que social-democratas ou socialistas, são relativistas.
O Partido Relativista é o mais poderoso e perigoso partido da actualidade.

Ribeira de Pena, 28 de Junho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho

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