domingo, 27 de junho de 2010
Feriados neoliberalizados
Tias e tios da deputação andam preocupados com as “pontes” dos portugueses. E vai daí que fazem? Depois de muita força a pensar, aliviam-se de uma proposta muito neoliberal e moderna: mudar as datas dos feriados (ou suprimi-los). Para algumas aventesmas, celebrar o 25 de Abril ou o 1.º de Maio ou o 5 de Outubro num dia outro do mês não retira importância à celebração e sempre impede este irresponsável povo português de sonhar com descansos prolongados (tão inimigos da produtividade). As tias e os tios, que tão facilmente se ausentam da assembleia pelos mais avulsos motivos, não suportam que o empregadito de escritório, o funcionário dos correios, o motorista de autocarros, a educadora de infância ou a menina do call center se auto-atribuam uma segunda-feira ou uma sexta a comer pizza na praia de Mira ou na Caparica.
Mas o mais triste desta proposta, que o grupo parlamentar socialista defenderá doravante com a mesma garra que lhe merece a imposição de portagens nas scut (e outrora lhe mereceu a luta contra as portagens nas scut) é o desrespeito absoluto pela natureza do simbólico.
As datas não são, regra geral, um acaso. O símbolo tem uma dimensão física, material, terrena – só daí voando para a sua significação lata, extensiva, maior. O 25 de Abril, o 1.º de Maio, o 5 de Outubro – entre outras datas – só podem ser celebrados dignamente nos dias 25 de Abri, 1 de Maio e 5 de Outubro.
Nem a Sagrada Economia Toda-Poderosa (prima direita de Sua Eminência, a Hipocrisia Neoliberal), que tutela todos os actos e pensamentos de certa deputação, poderá alterar esta realidade. E contudo...
Ribeira de Pena, 27 de Junho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
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