Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sábado, 5 de junho de 2010

Cão e Sol


A noite anda atrás de mim como cão estranho.
Atira-se-me às pernas, rosna-me doenças e morte
Espuma de raiva incontinente, culpando-me
Da condição que de vivo vou levando.

Por ter medo da noite como de cão estranho
Às vezes fecho muito os olhos para enganar a escuridão
E invento por dentro do nocturno presente
Um sol.

Antes sol que mal acompanhado.

Ribeira de Pena, já 05 de Junho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Nota: o último verso já habitou um poema escrito em 1996 (que integrava o volume Milésimo de Torga).]

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