sexta-feira, 25 de maio de 2012
Terra nossa
A gente diz: Vou à terra. Mas, se a terra é um lugar de amor, isto é, uma possibilidade feliz de estarmos-sermos, não é bem disso que se trata. Devia dizer-se, nestes casos: Vou ao céu.
Triste seria andarmos por outras terras quando nelas, nem por instantes, nos sentimos em casa. Não é esse, aleluia, o meu caso.
Pior ainda, imagino eu, é acontecer a um homem não ser de nenhuma terra. Para onde vão estes homens, quando em vão viajam para outro lugar, na busca desesperada de um espaço onde se sintam bem?
Não ter raízes deve ser uma forma de inferno.
Arco de Baúlhe, 25 de Maio de 2012 (hora d'almoço).
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.coimbra.hostel.blogspot.com/.]
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2 comentários:
Um inferno em lume brando não deixa de ser inferno.
Em todo o caso, para pintar as coisas sob uma luz mais doce, não será talvez pior do que viver completamente enredado nas próprias raízes.
Um abraço!!
"Enredado nas próprias raízes" não parece, de facto, coisa boa. Lembrei-me, à boleia da tua expressão, da obra "Dubliners", de Joyce (a angústia de viver numa prisão de rotina e de tradição repetida/familiar/anquilosada).
Mas, como adivinharás, a minha Coimbra, talvez por ser um contexto cada vez mais raro na minha biografia, é coisa outra - de Felicidade quase plena. Não sei se é assim que vês o "teu" Porto... Abraço!
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