Um acidente terrível. A Morte. O Fim em versão de inevitabilidade antecipada. Aquela escura mancha dos funerais. O frio e a chuva.
Em Aquele Grande Rio Eufrates, Ruy Belo fala de despedida como uma ida à "outra margem" e lamenta a inexistência de "tenda verbal" que diga tudo quanto se sente perante tão magna dor.
Com a idade, sentindo isto na própria carne ou na dos nossos semelhantes (amigos, colegas, conhecidos, contemporâneos), cada vez melhor e mais tragicamente percebemos a fragilidade de existir e de, sobre a nossa impotência face a inexistir, ser tão difícil dizermos tudo quanto sentimos.
Monto aqui a minha tenda verbal e deixo-me estar, por lutuosos instantes, dentro dela. A delicada construção não me livra do frio nem da chuva.
Abraço para a C. que perdeu subitamente o pai.
Ribeira de Pena, 19 de Maio de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www/.idadecerta.com.]
domingo, 20 de maio de 2012
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